terça-feira, 3 de novembro de 2009

Lutero, um desconhecido nos 492 anos da Reforma Protestante!




Créditos da imagem: usuarios.lycos.es

Conseguimos uma rara entrevista, com ninguém menos que o fundador da Reforma Protestante, que no próximo dia 31/10/2009, completa 492 anos. Vamos ler as respostas de Martinho Lutero e esclarecer o que aconteceu.

Blog - Onde e quando o senhor nasceu?
ML – Nasci em Eisleben, Alemanha, em 10/11/1483.

Blog - O senhor era monge. Por que decidiu fundar a Reforma?
ML – Em primeiro lugar, eu não fundei a Reforma.

Blog - Como assim? Não é o que dizem?
ML – Na verdade eu não pedi para sair da Igreja Católica, fui excomungado. A fagulha que incendiou a Europa foi a publicação da minha parte de 95 teses, criticando a Igreja Católica.

Blog - Mas o que fez o senhor publicar as teses? Por que fazer isto nas portas de um templo?
ML – As teses resultaram do meu inconformismo com o pecado e as distorções doutrinárias que abundavam no clero romano. As teses publicadas em portas eram uma prática comum na época, um chamado para debates acadêmicos.

Blog - Fale-nos sobre suas origens e estudos.
ML – Minha família tinha uma origem humilde. Meus pais queriam que eu fosse advogado. Sabe Deus porque me tornei um monge. Ainda em 1501, na Universidade de Erfurt, estudei os clássicos latinos, bacharelei-me em artes, lógica, retórica, física e filosofia. Dois anos depois, conclui meu mestrado em matemática, metafísica e ética.

Blog - Algum fato o fez voltar-se para o monastério?
ML – Em 1505, quando se preparava para o estudo de direito, fui abalado por dois acontecimentos: a morte repentina de um amigo e o fato de quase ter sido atingido por um raio. Entrei no mosteiro dos eremitas agostinianos, em Erfurt, em 17 de julho do mesmo ano.

Blog - Como foi sua vida monástica?
ML – Apenas dois anos depois fui ordenado sacerdote. Em 1508 bachelerei-me em teologia. Em 1512, novamente em Wittenberg, recebi o título de doutor em teologia. Tornei-me professor de Bíblia e grande pregador, cheio de zelo e devoção, cabendo-me o cargo, em 1515, de diretor de estudos e vigário distrital, encarregado de 11 mosteiros.

Blog - O que o senhor viu na Igreja Católica que o decepcionou?
ML – Entre 1510 e 1511 estive em Roma, onde fiquei chocado com o secularismo reinante na Igreja e o baixo nível moral da cidade. Percebi que a Igreja não exercia qualquer influência sobre a sociedade. Em 1517, o papa Leão X, em troca de grande soma destinada à construção da nova basílica de São Pedro, em Roma, acolheu as pretensões de Alberto de Brandemburgo, que pretendia ocupar simultaneamente o arcebispado de Mainz, o de Magdeburg e, ainda, o bispado de Halberstadt. Em contrapartida, o papa concedia indulgências - a remissão, total ou parcial, das penas que cada um devia sofrer, na terra ou no purgatório, pelos pecados cometidos, que valeriam na medida em que houvesse propósito firme e vontade interior. Pareceu-me absurdo que um homem pudesse em nome da igreja fazer tal coisa. Fui desenvolvendo uma indisposição, que tinha por base a salvação pela fé, conforme Romanos 1:17. Gostaria de relembrar que naqueles dias a Igreja não deixava o povo ler a Bíblia, o que facilitava qualquer imposição.

Blog - E aí vieram as teses?
ML – Pois é. Minhas convicções foram externadas ali, e houve grande oposição do clero romano. Se hoje o Papa é infalível, naquele tempo era quase Deus. Ele poderia ordenar a morte de qualquer pessoa. Como, aliás, o fez anos depois. Na Noite de São Bartolomeu, 24/08/1572, na França, foram mortos três mil pessoas que aderiram aos meus ensinamentos e rejeitaram a doutrina católica.

Blog - Quando o senhor publicou as teses?
ML – Em 31 de outubro de 1517.

Blog - E Tetzel, o que fazia?
ML – Johannes Tetzel, era um frade dominicano, encarregado da venda das indulgências. Ele andava pelas ruas dizendo que quando alguém dava uma oferta, a alma saía do purgatório! Ficou furioso ao saber das teses e respondeu imediatamente, instigando outros oponentes e teólogos a me acusarem de heresia. O lucro das ofertas, na verdade, se destinava ao término da basílica de São Pedro e à cruzada contra os turcos. Era um bajulador de Alberto, este eleito fraudulentamente bispo de Mainz (*).

Blog - E daí? O que aconteceu em seguida?
ML – Eu apelei para o Papa, pensando que entenderia minhas razões. Mas ele exigiu - por meio da bula "Exsurge Domine", que tinha 41 acusações - que me retratasse. Minha recusa foi expressa queimando outra bula papal – a Decet Romanum Pontificem - em praça pública, a 10 de dezembro de 1520, sendo então excomungado.

Blog - Puxa! Que coragem? O senhor correu sério risco de vida!
ML – Esqueci de dizer que neste mesmo ano escrevi três artigos reformistas e conclamei a reforma da Cúria, a supressão do celibato eclesiástico e dos privilégios do clero. Ganhei enorme apoio popular, traduzido em grande ovação quando me dirigi de Wittemberg para Worms, em 17 de abril de 1521. Ali se inaugurava a dieta, na qual a minha posição foi discutida, estando presente o próprio imperador, Carlos V. Eu só queimei a bula porque foi isso que o Papa ordenou num dos artigos da condenação para que fizessem com meus escritos.

Blog - O que foi a Dieta de Worms?
ML – Dieta é o nome que se dá uma reunião eclesiástica feita num parlamento. Naquele tempo igreja e estado viviam entrelaçados. Esta foi convocada para que me retratasse. Eu estava tão certo que acabei convencendo a outros. Minha proposta era simples: dei a Bíblia para que por ela alguém me reprovasse. Não apareceu ninguém! O Duque Frederico ciente das pressões papais, mandou me seqüestrar e escondeu-me durante vários meses em Wartburg, perto de Eisenach. Lá eu dei uma contribuição formidável para o crescimento evangélico alemão, quando traduzi do grego o Novo Testamento, para a língua que o povo falava nas ruas. Agora todos podiam ler a Bíblia e confirmar minhas colocações. Os primeiros cinco mil exemplares esgotaram-se em 3 meses. Em cerca de dez anos houve 58 edições. Passei a celebrar as missas em alemão, não em latim, que o povo não entendia.

Blog - Então, o senhor não permaneceu escondido?
ML – Não. Deixei o esconderijo, embora todos temessem por minha vida. Em 1534 pude terminar a tradução do Velho Testamento, depois voltei a lecionar.

Blog - E continuou monge até quando?
ML – Em 02 de outubro de 1524, deixei o hábito de monge agostiniano que usava há 19 anos. Em 1525 casei com a ex-freira Katharina Von Bora.

Blog - Se o senhor pudesse sintetizar seu pensamento, como o faria?
ML – Creio no sacerdócio universal dos crentes, na justificação pela fé, na autoridade exclusiva da Bíblia em questões de fé, na pessoa salvadora de Cristo. Creio que Deus exerce sua soberania sobre o mundo, onde reina absoluto. Entretanto, Igreja e Estado não se misturam. Minha tese central é a salvação como graça de Deus. Nenhum homem fez nada para merecer ser salvo. É um ato exclusivo da misericórdia divina.

Lutero morreu em 18 de fevereiro de 1546, aos 62 anos de idade, na mesma Eisleben onde nascera.
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(*) Desde meados do século 14, cada novo líder do Sacro Império Romano era escolhido por um colégio eleitoral composto de quatro príncipes e três arcebispos. Em 1517, quando houve a eleição de um novo imperador, um dos três arcebispados eleitorais (o de Mainz ou Mogúncia) estava vago.

Uma das famílias nobres que participavam desse processo, os Hohenzollern, resolveu tomar para si esse cargo e assim ter mais um voto no colégio eleitoral. Um jovem da família, Alberto, foi escolhido para ser o novo arcebispo, mas havia dois problemas: ele era leigo e não tinha a idade mínima exigida pela lei canônica para exercer esse ofício. O primeiro problema foi sanado com a sua rápida ordenação ao sacerdócio.

Quanto ao impedimento da idade, era necessária uma autorização especial do papa, o que levou a um negócio altamente vantajoso para ambas as partes. A família nobre comprou a autorização do papa Leão X mediante um empréstimo feito junto aos banqueiros Fugger, de Augsburgo.

Ao mesmo tempo, o papa autorizou o novo arcebispo Alberto de Brandemburgo a fazer uma venda especial de indulgências, dividindo os rendimentos da seguinte maneira: parte serviria para o pagamento do empréstimo feito pela família e a outra parte iria para as obras da Catedral de São Pedro, em Roma. E assim foi feito. Tão logo foi instalado no seu cargo, Alberto encarregou o dominicano João Tetzel de fazer a venda das indulgências (o perdão das penas temporais do pecado). Quando Tetzel aproximou-se de Wittenberg, Lutero resolveu pronunciar-se sobre o assunto.

Fonte dos dados bibliográficos
1) Enciclopédia Mirador Internacional
2) Wikipédia
3) Instituto Presbiteriano Mackenzie
4) http://educacao.uol.com.br/biografias/lutero.jhtm
5) Blog Cinco Solas
6) www.monergismo.com

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